Durante o meu ciclo de poesia russa faço batota de vez em quando. E estou a praticá-la descaradamente com Pushkin: fujo da poesia e às escondidas leio alguma prosa.
Claramente que vou continuar a cometer estes pecadilhos, por isso é que este meu ciclo de leitura vai demorar imenso tempo.
Tenho estado a ler o The Penguin Book of Russian Poetry, um pequeno compêndio de poesia russa do século XVIII ao século XX. Inclui alguns detalhes biográficos dos poetas mais importantes e alguns dos poemas mais marcantes de cada um deles. Mas os poemas sabem-me a pouco e fiquei com vontade de ler mais.
Fui à procura.
Traduzidos para português há muito poucos. Encontrei Pushkin, um dos poetas russos mais traduzidos pelo mundo inteiro e algumas antologias com selecções de poemas dos poetas mais proeminentes do século XIX ao XX, e pouco mais. Traduzidos para inglês há uma imensidão de livros publicados que muitas vezes não disponibilizam envios para Portugal. Ebooks de poesia russa, raríssimos.
Mas ainda assim não desisti e descobri uma forma de ler muitos mais poemas do que aqueles que encontrei no The Penguin Book of Russian Poetry.
Encontrei uma lista de sites online que disponibilizam gratuitamente poesia russa de todas as formas e feitios para quem gosta de a ler tanto como eu:
Tenho partilhado excertos da poesia de Derzhavin, mas estranhamente em inglês. Pois bem, nada de estranho há nesse facto: Gavrila Derzhavin não está traduzido para português, como tantos outros poetas que quero ler.
A minha demanda por uma antologia que fizesse uma retrospectiva da poesia russa, que me permitisse ler um pouco de cada poeta num só livro, foi difícil.
Uma vez mais descobri que em português não iria encontrar, mas a minha demanda frutificou num livro que atravessou fronteiras até chegar às minhas mãos.
The Penguin Book of Russian Poetry tem sido o livro perfeito de poesia russa, da Era de Ouro até à Era Moderna, incluindo vários poemas - que sabem a pouco - dos maiores poetas russos.
Muitos dos autores russos que quero ler não estão traduzidos em português e a sua publicação em Portugal é uma mera miragem.
Encontrar os autores mais conhecidos é já quase impossível em qualquer escaparate português, fisicamente ou online.
Há obviamente raras excepções como a Relógio d' Água que tem um bom catálogo de clássicos russos e que, só por esse facto, tem o meu respeito como leitora.
E não nos podemos esquecer da existência de dois dos melhores tradutores do russo para português em Portugal - Nina Guerra e Filipe Guerra - que têm traduzido várias obras para a nossa língua.
Aqui fica a devida vénia à editora e aos tradutores que me têm permitido amar uma das melhores literaturas clássicas do mundo.
Para quem acompanha o Livrologia desde o início sabe que costumo fazer ciclos de leitura e segui-los à risca, raramente me desviando do caminho.
Um dos ciclos de leitura que segui cegamente foi o de autores russos e quando digo "russos" não o digo como país de nascença per si, mas que num momento da história fizeram parte da Rússia como um todo.
Falta ler muitos mais: Sergey Aksakov, Alexandre Herzen, Ivan Goncharov, Nikolai Leskov, Aleksandr Ostrovski, Nikolai Chernyshevsky, Anton Tchekov.
Este ciclo de leitura não acabou e sei que muitos dos que seguem o Livrologia têm saudades dele. Este ciclo de leitura é para a vida inteira e este ano a eles volto, mas desta vez aos poetas russos numa pequena retrospectiva do século XIX ao século XXI.
Sou uma confessa apaixonada pelos autores russos por quem nutro um amor profundo e respeito. Poucos autores me conquistaram tão profundamente como eles e a eles lhes devo tanto por quem sou, que lhes devo a vida inteira como leitora.
Quem nunca os leu nunca conhecerá o supremo acto de ler.