Mas depois quando o poeta foge e o homem volta como de um sonho E sente sobre a sua boca um riso que ele desconhece A cólera penetra no seu coração e ele renega a poesia Que veio trazer de volta o princípio de todo o caminho percorrido.
Muito forte sou para odiar nada sinão a vida Muito fraco sou para amar nada mais do que a vida A gratuidade está no meu coração e a nostalgia dos dias me aniquila Porque eu nada serei como ódio e como amor si eu nada conto e nada valho.
Terrível é a dor que lança o poeta prisioneiro à suprema miséria Terrível é o sono atormentado do homem que suou sacrilegamente a carne Mas bôa é a companheira errante que traz o esquecimento de um minuto Bôa é a esquecida que dá o lábio morto ao beijo desesperado.
De nada vale ao homem a pura compreensão de todas as coisas Se ele tem algemas que o impedem de levantar os braços para o alto De nada vale ao homem os bons sentimentos se ele descansa nos sentimentos maus
Só poetas: Drummond, Vinicius, Bandeira, Quintana e Paulo Mendes Campos, na casa do cronista Rubem Braga. Rio de Janeiro, 1966
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Quem conviveu com Vinicius de Moraes dizia que ele era uma pessoa dócil e carinhosa, não só com as mulheres - por quem tinha um fraquinho de conquistador inveterado -, mas também com os amigos.
O poetinha, como ficou conhecido, adorava usar palavras com diminutivo.
Alegre, simpático, com um sentido de humor apurado, adorava a vida boémia, despreocupada e irreverente, conquistando muitas amizades, especialmente grandes nomes da literatura e da música brasileiras, bem como amizades fora do país como Pablo Neruda e Orson Welles.
A casa de banho era o seu lugar preferido em casa, onde escrevia sentado na banheira.
Fumar e beber uísque eram os seus pequenos prazeres. Costumava dizer que era a bebida mais "nobre" e o melhor amigo do homem: