Os desígnios da alma
A ideia de captar os desígnios da alma podia ser muito boa, mas quem podia saber o que isso era quando as pessoas pareciam uma amálgama de contradições?
Servidão Humana-W. Somerset Maugham
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A ideia de captar os desígnios da alma podia ser muito boa, mas quem podia saber o que isso era quando as pessoas pareciam uma amálgama de contradições?
Servidão Humana-W. Somerset Maugham
Há pouco perguntava qual é o sentido da vida. Vá observar os tapetes persas e um destes dias a resposta virá.
Servidão Humana-W. Somerset Maugham
Mas eu falo de prazer porque vejo que os homens o ambicionam e não vejo que ambicionem a felicidade. É o prazer que espreita na prática de cada uma das virtudes. O homem age porque essas acções são boas para ele e quando também são boas para outras pessoas passam a ser virtudes.
Se tem prazer em dar uma esmola é caridoso; se tem prazer em ajudar os outros é benevolente; se tem prazer em trabalhar em prol da sociedade é um filantropo; mas é para o seu próprio prazer que você dá dois pence a um pedinte assim como é para meu prazer privado que bebo mais um whisky com soda.
Servidão Humana-W. Somerset Maugham
Maugham regressou muito doente da sua missão na Rússia.
O diagnóstico?
Tuberculose.
Decide viajar para a Escócia e fica internado num sanatório privado em Banchory que, na época, possuía o melhor tratamento que existia, visto que os antibióticos ainda não tinham sido descobertos.
Ficaria internado por mais de um ano. Durante esse tempo apreciou à sua maneira a vida tranquila de inválido, adorando as horas que passava deitado na cama a descansar, afastado da pressão da responsabilidade da sua própria vida.
Confessou que na privacidade do seu quarto adorava olhar pela janela e observar o céu estrelado à noite e durante o dia lia e ficava imerso nas suas reflexões.
À medida que recuperava as forças e ia melhorando foi passando mais tempo fora do quarto com os outros pacientes, jogando às cartas ou sentando-se na varanda ao ar livre.
Mas Maugham estava ávido por notícias de Londres, ansiando por saber o que se passava na guerra, no teatro e na vida social que deixara para trás.
- Mas está convencido de que as pessoas fazem alguma coisa que não seja por motivos egoístas?
- Sim.
- É impossível que o façam. Vai perceber à medida que for ficando mais velho que a primeira coisa indispensável para que o mundo seja um sítio suportável para viver é reconhecer a inevitabilidade do egoísmo no ser humano. Exige a generosidade dos outros, mas é absurdo exigir que os outros sacrifiquem os seus desejos em benefício dos seus. Porque deveriam?
Quando se convencer de que cada um está sozinho no mundo pedirá menos aos seus semelhantes. Eles não irão desiludi-lo e olhará para eles de maneira mais caridosa. O ser humano procura uma só coisa na vida: o seu próprio prazer.
Servidão Humana-W. Somerset Maugham
De um lado temos a sociedade e de outro o indivíduo. Cada um deles é um organismo que luta pela autopreservação. É poder contra poder.
Servidão Humana-W. Somerset Maugham
Durante os tempos em que permaneceu na Rússia com a sua missão de espionagem, Maugham decidiu aproveitar o seu tempo, explorando a cidade de São Petersburgo embrenhando-se na língua e literatura do país.
Todas as manhãs tinha uma lição de russo e lia avidamente os grandes escritores do passado, mas também os contemporâneos como Kuprin, Korolenko, Sologub e Mihail Artzybashev.
Ia a espectáculos como ballet, concertos e teatro e nos poucos e raros dias de sol dava longos passeios pela Avenida Névski.
A ilusão que o ser humano tem de que a sua vontade é livre está tão enraizada que estou pronto a aceitá-la.
Comporto-me como se fosse um agente livre. Mas quando se pratica uma acção fica claro que todas as forças do Universo de toda a eternidade conspiraram para a causar e nada do que eu pudesse fazer a poderia evitar.
Era inevitável.
Se a acção foi boa não posso reclamar o mérito, se foi má não posso aceitar censura.
Servidão Humana-W. Somerset Maugham
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