Tudo o que existe nasce sem razão
A História do Peixe-Pato é um conto estranho, tortuoso, labiríntico que representa a busca e o encontro com o Outro. O Outro como outra pessoa e/ou o Outro dentro de nós.
Este conto é tão ambíguo que sofre de uma duplicidade que nos confunde, como vários espelhos que exibem diferentes reflexos, sendo o mesmo e único, aquele que se mira neles.
Há nele uma dinâmica naturalista e existencialista que saltita pela existência, desaguando no absurdo do nascimento e da morte dos seres humanos. Aliás, revelando o que sempre soubémos, mas que renegamos constantemente, que o ser humano não sabe de onde veio, porque está aqui, o que deve fazer ou para onde vai. Em suma, a grande revelação da efemeridade da existência, da qual não há fuga possível, e que está destinada ao esquecimento.
Tudo o que existe nasce sem razão, mantém-se por fraqueza e inércia e morre por acaso.
~Sartre~